Trump e Netanyahu apresentam plano de paz de 20 pontos; Hamas aceita primeira fase

Quando Donald Trump, presidente dos Estados Unidos anunciou o plano de paz de 20 pontos para Gaza ao lado do primeiro‑ministro israelense Benjamin Netanyahu, primeiro‑ministro de Israel na Casa Branca em 29 de setembro de 2025, o grupo islamista Hamas respondeu oficialmente em 3 de outubro, aceitando liberar os 20 reféns vivos restantes e entregar a administração da Faixa de Gaza.
Antecedentes e o plano de 20 pontos
O documento, que substitui a proposta de fevereiro de 2025, traz medidas como cessar‑fogo imediato, troca de prisioneiros, desmilitarização da Faixa, criação de uma força internacional de estabilização e um governo transitório de tecnocratas palestinos. O prazo para aceitação foi fixado em 5 de outubro de 2025, sob a ameaça do presidente Trump de "todo o inferno" caso o Hamas rejeitasse.
Segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), a iniciativa representa "uma mudança de paradigma na diplomacia do Médio Oriente" porque envolve diretamente o governo americano, israelense e autoridades palestinas em um único acordo.
Detalhes da primeira fase e a concordância do Hamas
Na primeira fase, o Hamas concordou em libertar todos os reféns restantes: 20 ainda vivos e 28 já mortos durante os combates. Os mesmos números foram confirmados por oficiais israelenses que participaram das negociações. "Esta decisão abre caminho para a estabilização de Gaza, mas ainda há muito a ser negociado", afirmou Steve Witkoff, enviado especial dos EUA para o Oriente Médio.
Além da libertação dos reféns, o Hamas aceitou suspender as hostilidades e permitir a entrada de ajuda humanitária supervisionada por organismos internacionais. No entanto, a organização não assinou os 20 pontos na íntegra, deixando em aberto questões como o controle fronteiriço e a libertação de presos israelenses.

Papéis dos EUA, Israel e Qatar nas negociações
O envolvimento direto de Trump foi fundamental. Depois de ataques israelenses em Doha que mortificaram o Catar, o país suspendeu seu papel de mediador, criando um vácuo que os EUA rapidamente preencheram. "O excesso de Israel foi usado como alavanca para pressionar Netanyahu a aceitar o plano", disse analista da Carnegie Endowment for International Peace.
O Qatar, mencionado como Catar, juntou‑se a oito ministros das relações externas de países árabes e muçulmanos que emitiram uma declaração conjunta apoiando o plano, ressaltando a urgência de um fim ao conflito após dois anos de guerra.
Desafios e críticas ao acordo
Especialistas apontam que a ausência de um parceiro palestino legítimo – fora o Hamas – pode inviabilizar a fase de transição. "Sem o consentimento da população palestina, qualquer governo técnico será visto como imposição externa", alerta o CSIS.
Outra controvérsia gira em torno da interpretação de "parar o bombardeio". Netanyahu traduziu a cláusula como o fim da ofensiva terrestre, mas manteve a permissão para ataques aéreos pontuais. Essa ambiguidade gera ceticismo entre os gazenses, que temem que o cessar‑fogo seja apenas semântico.
- 28 reféns palestinos já falecidos;
- 20 reféns palestinos ainda vivos a serem libertados;
- 8 ministros árabes apoiam o plano;
- Prazo inicial de aceitação: 5 de outubro de 2025;
- Força internacional de estabilização prevista, ainda sem definição de número de tropas.
Além disso, a promessa de autodeterminação palestina está condicionada a etapas subsequentes que ainda não foram detalhadas. A comunidade internacional observa cautelosamente, temendo que o plano se torne mais um acordo “por papel” que nunca será implementado.

Perspectivas para as próximas fases
Se a primeira fase for cumprida, o próximo passo prevê a criação de um conselho técnico de palestinos e a discussão sobre o reconhecimento de um Estado palestino. Contudo, a falta de consenso interno entre facções palestinas (Fatah, Hamas e outros grupos) pode transformar a negociação em um "tabuleiro de xadrez" com peças externas movimentando‑se sem clareza de objetivo.
O que parece certo é que as conversas sobre as fases subsequentes já são descritas como "extremamente difíceis" por analistas da Carnegie. O cenário futuro dependerá de três variáveis principais: a estabilidade da administração transitória, a cooperação (ou a resistência) de Israel em desmilitarizar Gaza e o apoio contínuo dos países árabes.
Perguntas Frequentes
Como o plano de paz afeta os reféns ainda em Gaza?
O acordo obriga o Hamas a libertar os 20 reféns vivos restantes dentro de 48 horas após a assinatura da primeira fase. Os 28 reféns já mortos foram contabilizados para fins de indenização e reconhecimento internacional.
Qual é o papel da Qatar após suspender a mediação?
Mesmo sem atuar como mediador direto, o Catar continua pressionando as partes por meio de sua rede diplomática árabe, contribuindo financeiramente para projetos de reconstrução e apoiando a iniciativa humanitária da ONU.
Quais são os principais obstáculos para a segunda fase do acordo?
A falta de um parceiro palestino legítimo fora do Hamas, a ambiguidade sobre o cessar‑fogo terrestre e a necessidade de consenso interno entre Fatah e outras facções são os maiores entraves à continuação do processo.
O que diferencia este plano do proposto em fevereiro de 2025?
Ao contrário da proposta de fevereiro, o plano de setembro inclui um governo técnico de palestinos sob supervisão internacional e prevê uma força de estabilização global, ampliando o escopo além do simples cessar‑fogo.
Qual a expectativa da comunidade internacional sobre a implementação?
A ONU e a União Europeia mantêm postura cautelosa: apoiam a iniciativa, mas demandam verificações rigorosas e comprometimento dos atores locais para evitar que o acordo se torne apenas um documento simbólico.
Janaína Galvão
outubro 13, 2025 AT 22:41Não se engane! O plano de 20 pontos é mais um disfarce para que os EUA consolidem sua presença militar no Oriente Médio; cada ponto parece uma promessa, mas nas entrelinhas há cláusulas que garantem bases permanentes, controle de recursos e vigilância constante. A agenda oculta é clara: transformar Gaza num protetor de interesses estratégicos, enquanto o Hamas é usado como bode expiatório para legitimar intervenções futuras. Não é coincidência que o anúncio tenha sido feito na Casa Branca, exatamente quando Washington reforça alianças no Golfo. Eles sabem que o medo e a esperança das populações palestinas são ferramentas perfeitas para manipular acordos. Fique alerta, porque a história mostra repetidamente que esses “acordos de paz” servem aos interesses das superpotências, não aos direitos humanos.