Terremoto de magnitude 7,5 sacode a Passagem de Drake e aciona alertas de tsunami

Um terremoto de magnitude 7,5 abalou a Passagem de Drake na noite de 21 de agosto de 2025, gerando alertas de tsunami que foram rapidamente cancelados. O sismo, registrado às 23h16 (horário local), teve epicentro a 710 km a sudeste da cidade argentina de Ushuaia e a 258 km noroeste da Base Frei, instalação chilena na Antártida.
Contexto geológico da Passagem de Drake
A Passagem de Drake, estreito que liga o Atlântico Sul ao Pacífico Sul entre o Cabo Horn e a Península Antártica, é conhecida por correntes violentas e ventos que ultrapassam 100 km/h. Embora seja zona de intensa atividade tectônica, grandes sismos são raros quando comparados à costa chilena. O evento de 7,5 Mw, porém, mostrou que a região ainda pode gerar tremores de alta energia.
Detalhes técnicos do sismo
O USGS (Serviço Geológico dos Estados Unidos), com sede em Reston, Virgínia, inicialmente informou magnitude 8,0, mas revisou para 7,5 após análise mais detalhada. A profundidade foi ajustada para 11 km. Já o GFZ (Centro Alemão de Pesquisa em Geociências) registrou magnitude 7,1, enquanto fontes locais citaram profundidades entre 10,0 e 10,8 km.
Segundo a sismologista Roberta Jungmann, do GFZ, a energia liberada corresponde a aproximadamente 1,4 × 10¹⁸ joules – o suficiente para destruir cidades de médio porte, mas o isolamento do epicentro evitou consequências reais.
- Data e hora: 21/08/2025, 23h16 (UTC‑3).
- Magnitude oficial: 7,5 Mw (USGS).
- Profundidade: 11 km (revisado).
- Epicentro: 58,5° S, 65,0° W.
- Distâncias: 710 km de Ushuaia; 258 km da Base Frei.
Alertas de tsunami e respostas institucionais
Quase imediatamente, por volta das 17h30 (horário local, UTC‑3), o PTWC (Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico) emitiu um aviso breve para as costas chilenas. Quando a NOAA avaliou que as condições oceanográficas – água profunda, forte agitação e falta de ruptura da crosta – reduziriam drasticamente o risco, o alerta foi cancelado cerca de uma hora depois.
O SHOA (Serviço Hidrográfico e Oceanográfico da Marinha do Chile) também enviou aviso para as bases antárticas Prat e O'Higgins, além do Cabo Horn. Todas as mensagens ressaltaram a baixa probabilidade de tsunami e não demandaram evacuações.

Impactos humanos e materiais
Devido à localização remota, nenhum dano material foi registrado. Não houve feridos, desabrigados ou interrupção de rotas comerciais. O monitoramento continuado nas 24 horas seguintes mostrou ausência de réplicas significativas. A cidade de Ushuaia, com cerca de 57 mil habitantes, continuou suas atividades normais, embora autoridades locais tenham mantido atenção elevada por precaução.
Reações de especialistas e perspectivas futuras
O geólogo chileno Carlos Méndez, do Instituto de Geociências da Universidade de Valparaíso, destacou que "eventos como este reforçam a necessidade de redes de alerta mais robustas, inclusive para áreas pouco povoadas". Ele ainda apontou que estudos futuros podem revelar padrões de tensão entre a Placa de Nazca e a Placa Antártica, que ainda são pouco compreendidos.
O GFZ planeja publicar um relatório detalhado até 30 de agosto, analisando a sismicidade da região e revisando modelos de propagação de ondas sísmicas no fundo oceânico da Passagem de Drake.

O que isso significa para a navegação e a ciência
Navios que cruzam a Passão de Drake já enfrentam desafios devido às fortes correntes e ao clima imprevisível. Embora o terremoto não tenha alterado imediatamente as rotas, a comunidade marítima acompanha de perto o risco de possíveis deslocamentos do leito oceânico que poderiam modificar padrões de corrente.
Para a comunidade científica, o sismo oferece uma oportunidade única de estudar a resposta da crosta oceânica em profundidades rasas, algo que raramente é capturado com tantos sensores ativos.
Próximos passos
As autoridades chilenas e norte‑americanas mantêm o monitoramento ativo. O PTWC continua a vigiar possíveis ondas residuais, enquanto o USGS atualiza seu catálogo global. Caso novas leituras indiquem risco, novos alertas poderão ser emitidos dentro de minutos.
Perguntas Frequentes
Qual a probabilidade de tsunami após o terremoto?
A avaliação conjunta do PTWC, NOAA e SHOA concluiu que a profundidade de 11 km e as águas profundas da Passagem de Drake praticamente anulam o potencial de geração de tsunami significativo, por isso os alertas foram cancelados em menos de uma hora.
Quais cidades próximas foram afetadas?
Nenhuma cidade sofreu danos. Ushuaia, a mais próxima, ficou a 710 km de distância e não registrou abalos perceptíveis. As bases antárticas chilenas foram monitoradas, mas não precisaram acionar protocolos de evacuação.
Por que as magnitudes variam entre USGS e GFZ?
Cada agência usa algoritmos diferentes e redes de sensores distintas. O USGS baseou‑se em dados de ondas sísmicas de alta frequência, enquanto o GFZ utilizou modelos de momento que tendem a ser mais conservadores, resultando em valores levemente diferentes.
O que os especialistas esperam aprender com esse sismo?
O evento permite analisar a interação entre a Placa de Nazca e a Antártica em uma zona pouco estudada. Dados de profundidade e propagação de ondas poderão melhorar modelos de risco sísmico para rotas marítimas e áreas costeiras do sul da América do Sul.
Há risco de réplicas nas próximas semanas?
Até o momento não foram detectadas réplicas significativas. Contudo, as agências monitoram continuamente a zona, pois cadeias de falhas podem gerar novos tremores dentro de dias ou semanas.
Carolinne Reis
outubro 12, 2025 AT 00:01Claro que o mundo só presta atenção quando tem tremor na nossa vizinhança…! Mas, surpresa, a Patagônia continua firme, enquanto alguns fingem se importar!!!