Saída da Argentina da COP29 não afeta negociações climáticas, dizem especialistas
nov, 14 2024Contexto da Saída da Argentina da COP29
A saída inesperada da Argentina da cúpula do clima da COP29, que acontece no Azerbaijão, chamou a atenção da comunidade internacional. A decisão, motivada pelo presidente argentino, Javier Milei, que classificou a mudança climática como uma "mentira socialista", aconteceu em um momento delicado, quando a necessidade de ações conjuntas contra as mudanças climáticas é mais urgente do que nunca. Milei, que foi influenciado pela ideologia do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, optou por seguir um caminho mais isolacionista nessa questão. A retirada veio após uma conversa com Trump e antes de um encontro planejado entre os dois líderes na Flórida, o que lançou dúvidas sobre a direção política e diplomática que a Argentina pretende adotar nos próximos anos em relação ao clima.
Impacto nas Negociações Climáticas Globais
Apesar do impacto simbólico da retirada argentina, especialistas garantem que as negociações climáticas globais na COP29 seguirão adiante sem grandes abalos. A ausência da Argentina nos grupos de negociação do Sul, que inclui Brasil, Uruguai e Paraguai, além do G77 mais China, é notável, mas não comprometida. O Brasil, por exemplo, já submeteu seu plano de ação climática para 2035, estabelecendo metas ambiciosas de redução de emissões, prometendo uma diminuição entre 59% e 67% em relação aos níveis de 2005. Isso deve ser alcançado principalmente por meio do aumento do potencial de absorção de carbono de suas florestas e o ambicioso objetivo de zerar o desmatamento na Amazônia até 2035.
Reações Internacionais e Continuidade das Negociações
A França, apesar de seu Ministro do Meio Ambiente, Agnès Pannier-Runacher, não retornar à cúpula devido a declarações consideradas inaceitáveis pelo presidente azeri Ilham Aliyev, permanecerá comprometida nas negociações. A iniciativa francesa demonstra que, apesar de contratempos diplomáticos, o compromisso com o combate às mudanças climáticas prevalece entre as principais nações. Além disso, o Reino Unido também reafirmou suas metas, anunciando cortes ambiciosos de emissões para 2035, que se traduzem em uma redução de 81% dos níveis de 1990.
Influência Americana e Possíveis Consequências
O papel dos Estados Unidos no cenário climático global é crucial, e a chegada de Donald Trump à presidência representa uma preocupação. Sua postura cética em relação ao Acordo de Paris e a aliança com líderes como Milei levantam a questão de se outras nações poderiam tomar passos similares em direção a um isolamento climático. Durante a cúpula, o representante de Samoa, Paolelei Luteru, enfatizou a responsabilidade moral dos Estados Unidos em liderar a luta contra mudanças climáticas, alertando sobre as repercussões globais se o país decidir se retirar formalmente do Acordo de Paris.
Prosseguimento das Iniciativas Climáticas apesar das Tensões
Mesmo diante de tais tensões, algumas legislações fundamentais, como a Lei de Redução da Inflação do presidente Joe Biden, devem continuar a sustentar avanços climáticos nos Estados Unidos. Além disso, o avanço de grupos subnacionais e do setor privado norte-americano dificilmente será interrompido, representando um bastião de esperança e progresso contínuo. O Canadá também se manifestou por meio de seu Ministro do Clima, Steven Guilbeault, reafirmando que suas leis climáticas não estão sob ameaça, nem mesmo após as eleições do próximo ano. Guilbeault destacou que as políticas climáticas não são apenas uma questão ambiental, mas também de investimento e criação de emprego, apresentando uma visão de futuro que visa integrar crescimento econômico com responsabilidade climática.
Perspectivas Futuras para o Clima Global
As movimentações políticas da Argentina e as influências exteriores, particularmente dos Estados Unidos, são parte de um cenário complexo onde a diplomacia e a ciência climática precisam andar juntas para superar desafios globais. A COP29 representa, apesar das divergências, uma plataforma essencial para que nações possam expressar suas preocupações e consolidar compromissos na luta contra as mudanças climáticas. A sociedade civil e os governos precisam permanecer vigilantes e engajados, pois o desafio climático é uma tarefa coletiva que transcende fronteiras e ideologias.