Audiovisual brasileiro gera R$70,2 bi e cria mil oportunidades em 2024

Um estudo da Oxford Economics, encomendado pela Motion Picture Association (MPA), revelou que o setor audiovisual brasileiro movimentou R$70,2 bilhões em PIB no ano de 2024 – um salto notável frente aos R$55,8 bilhões registrados em 2019. A pesquisa, intitulada "The Economic Contribution of the Audiovisual Industry in Brazil in 2024", também destacou que programas de formação, como a iniciativa "Fazendo Meu Primeiro Filme", têm potencial para transformar jovens de favelas em profissionais da indústria.
Painel de crescimento de 2019 a 2024
Em 2019, o mesmo estudo apontava R$24,5 bilhões de contribuição direta ao PIB e 126 mil empregos diretos, gerando um efeito multiplicador de 4,2 empregos indiretos para cada vaga criada. Já em 2024, a soma das contribuições diretas e indiretas alcançou R$70,2 bilhões, indicando que a cadeia produtiva se ampliou apesar das interrupções provocadas pela pandemia.
Os números sugerem que a indústria evoluiu de um aporte de R$55,8 bilhões em 2019 para quase R$70,2 bilhões em 2024, representando um crescimento de cerca de 26 %. O ritmo reflete investimentos privados, incentivos fiscais estaduais e o fortalecimento de plataformas de streaming que absorvem grande parte da produção nacional.
Multiplicadores, salários e o peso da criatividade
O relatório de 2019 já mostrava que os salários médios nas indústrias criativas eram 2,4 vezes superiores à remuneração média nacional, segundo dados da FIRJAN e do IBGE. Em 2024, a pesquisa da Oxford Economics reafirma essa tendência: profissionais de produção, roteiro e edição continuam a receber acima da média, impulsionando a competitividade do Brasil no cenário global.
Além do multiplicador de empregos, o estudo destaca um coeficiente de PIB multiplicador de 2,3, ou seja, cada real investido diretamente no audiovisual gera, em média, R$2,30 de retorno econômico nacional. Esse efeito se estende a setores como turismo, logística e tecnologia da informação.
"Fazendo Meu Primeiro Filme": da teoria à prática
A iniciativa Fazendo Meu Primeiro Filme nasceu da parceria entre a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) e o Latin American Training Center (LATC). O programa oferece cursos itinerantes de seis semanas para jovens de 15 a 25 anos em situação de vulnerabilidade, ensinando roteiro, direção e edição, além de prover alimentação, transporte e certificado.
Em janeiro de 2025, a edição de Nova Iguaçu começou na Casa da Juventude Iguaçuana, sob a liderança do Pedro Dannemann, professor de audiovisual. "O objetivo é abrir portas que antes eram invisíveis para esses jovens", afirma Dannemann em entrevista. Ele ressaltou que, além de aprender técnicas, os participantes obtêm estágios em produtoras e bolsas de estudo para cursos superiores.
Durante a primeira edição, 52 jovens concluíram o ciclo, dos quais 38 já garantiram vagas de estágio e 12 receberam bolsas para cursos de cinema em universidades federais. O impacto social é mensurável: a taxa de evasão escolar entre os participantes caiu 18 % após o programa.

Repercussões nas políticas públicas e no mercado
O governo do estado do Rio de Janeiro tem acompanhado o sucesso do programa e sinalizado apoio financeiro para expandi‑lo a outros municípios. O secretário de Cultura do RJ, Carlos Alberto de Souza, declarou que "iniciativas como essa alinham desenvolvimento econômico com inclusão social, algo que nosso plano de cultura tem como pilar".
Do lado das produtoras, a diretora executiva da Sony Pictures Brazil, Ana Luiza Costa, apontou que a formação de novos talentos diminui a dependência de mão‑de‑obra importada e viabiliza histórias mais autênticas do país.
Além disso, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) já havia publicado, em 2022, uma análise sobre o impacto do audiovisual na América Latina, apontando que países com políticas de incentivo semelhantes ao Brasil apresentaram crescimento de 15 % a 20 % em exportação de conteúdo audiovisual nos últimos cinco anos.
Perspectivas para 2025 e além
Com o relatório de 2024 circulando entre legisladores, espera‑se que o Congresso federal amplie os benefícios fiscais para produções nacionais, especialmente aquelas que incorporam talentos de comunidades vulneráveis. A própria MPA tem sinalizado interesse em criar um fundo de investimento dedicado a projetos de impacto social no audiovisual.
Especialistas projetam que, se o ritmo de crescimento se mantiver, o setor poderá alcançar R$85 bilhões em PIB até 2027, impulsionado por novas plataformas de streaming, co‑produção internacional e a expansão de programas de capacitação como o "Fazendo Meu Primeiro Filme".

Principais números do estudo 2024
- PIB total gerado: R$70,2 bilhões
- Empregos diretos: 140 mil (aumento de 11 % vs. 2019)
- Multiplicador de empregos: 4,2 indiretos por cada direto
- Salário médio em criatividade: 2,4× a média nacional
- Investimento em formação: 6 cursos itinerantes beneficiando 312 jovens
Perguntas Frequentes
Qual é o impacto econômico direto do audiovisual no Brasil?
Em 2024, o setor movimentou R$70,2 bilhões de PIB, superando os R$55,8 bilhões de 2019. Esse valor inclui a produção de filmes, séries, conteúdo para streaming e serviços de pós‑produção, além dos efeitos colaterais nas cadeias de suprimentos.
Como o programa "Fazendo Meu Primeiro Filme" beneficia os jovens?
O programa oferece formação prática em roteiro, direção e edição, transporte, alimentação e certificado. Na edição de Nova Iguaçu, 38 dos 52 participantes garantiram estágios e 12 receberam bolsas de estudo, reduzindo a evasão escolar em 18 %.
Quais são as projeções de crescimento para o setor até 2027?
Especialistas estimam que, mantendo o ritmo atual, o audiovisual pode gerar aproximadamente R$85 bilhões em PIB até 2027, impulsionado por investimentos em tecnologia, expansão de streaming e políticas de incentivo fiscal.
Qual o papel da Motion Picture Association (MPA) nesse cenário?
A MPA encomendou os estudos de 2019 e 2024, além de promover diálogos entre estúdios, governos e organizações da sociedade civil para fortalecer a cadeia produtiva e garantir incentivos que favoreçam a criação de conteúdo nacional.
Existe apoio governamental para ampliar programas como o "Fazendo Meu Primeiro Filme"?
Sim. O secretário de Cultura do Rio de Janeiro já sinalizou recursos adicionais para replicar o programa em outros municípios, e projetos de lei federais que ampliam benefícios fiscais para produtoras que adotam políticas de inclusão social estão em tramitação no Congresso.
Maria das Graças Athayde
outubro 11, 2025 AT 03:19É incrível ver o audiovisual brasileiro gerando R$70,2 bi, isso mostra que o talento aqui está valendo ouro 😍🚀